Em 1985, dois irmãos ainda na adolescência, fizeram uma vaquinha e compraram aquilo que parecia ser um sonho e que até aquele momento só
haviam visto em filmes de ficção científica, um computador.
O modelo, um "TK 82", era bem diferente dos computadores que usamos hoje. Na verdade a máquina
toda se resumia ao teclado, não havia monitor nem unidade de disquete, HD e CD-Rom nem pensar e tinha uma memória de 16Kbytes, que hoje pode parecer ridícula,
mas acredite, na epóca ninguém achava que um dia precisaria mais do que isso. Pra funcionar era preciso liga-lo a uma televisão, que fazia as vezes de monitor
e também a um gravador cassete comum, daqueles que gravavam fitas de música e que muita gente hoje nem sabe o que é, só que quando conectado ao TK82 ao invés
de músicas eram gravados dados nessas fitas.
Ainda não havia sistema operacional ou qualquer software vendido comercialmente. A informática, que ainda
nem tinha esse nome, começava a engatinhar e a rádio "USP" de São Paulo passou a transmitir um programa aos sábados para aqueles que já se aventuravam naquele
estranho mundo novo. Nesse programa eles davam algumas dicas, faziam comentários sobre os primeiros softwares que estavam sendo lançados e no fim sempre
transmitiam algum software para download, isso mesmo, os softwares eram baixados pelo rádio, eles davam um sinal avisando que a transmissão iria começar e
quem estava em casa tinha que apertar as teclas "REC" e "PLAY" do gravador para salvar o software na fita. Era um sofrimento, pois qualquer interferência
externa interrompia o download e mesmo quando se conseguia baixar o software inteiro, como não tinha onde instalar, então ele tinha que ser executado direto
pelo gravador e aí estavamos sujeitos à variação da velocidade de rotação da fita e das falhas de ajuste de azimute das cabeças de reprodução do gravador.
Mesmo com todos esses problemas o interesse pelo assunto só aumentava e logo eles já possuiam uma coleção razoavel de fitas com softwares gravados.
Mesmo com todos esses problemas o interesse pelo assunto só aumentava e logo eles já possuiam uma coleção razoavel de fitas com softwares gravados.
Pois num belo dia, ao chegarem em casa notaram que estavam faltando três fitas e depois de procurar descobriram que sua mãe havia usado as fitas pra gravar
uns discos que tinha conseguido emprestado e que das três fitas, duas ela realmente apagou e gravou os discos e uma enrolou dentro do mecanismo do gravador e
saiu toda amassada ficando inutilizada. Eles tentaram muito recuperar os arquivos daquelas fitas mas evidentemente não conseguiram. Não demorou muito e surgiu
o primeiro computador com disco rígido e eles passaram a estudar o funcionamento e a estrutura dos HDs e com o passar do tempo e contando cada vez com mais
recursos e experiência, começaram a ter sucesso na recuperação de dados perdidos ou apagados e logo estavam fazendo esse serviço para alguns amigos e depois
para os amigos dos amigos e assim por diante. Depois de trabalhar dessa forma durante alguns anos, atendendo apenas à conhecidos, esses irmãos fundaram em
1991 a empresa ABCHD recuperação de dados e devido a seu grande conhecimento e experiência no ramo, hoje tem clientes em todo o Brasil e alguns outros paises
como Japão, Alemanha, México, Estados Unidos, Portugal e Cabo Verde.
Mesmo tendo se passado tanto tempo e a tecnologia ter evoluído como evoluiu
ainda acontecem os mesmos problemas do passado, ou seja, as pessoas ainda apagam seus arquivos por acidente como nas duas fitas que foram regravadas e os HDs
e SSDs apresentam defeitos como a fita que enrolou no gravador, a diferença é que hoje há solução para isso.